A receita certa pro fracasso: comparação
só se fala em parar de se comparar, mas a gente não para porque no fundo ama isso
Todo mundo vai perder
escrito por Adline Alves
Você não é o outro nem nunca vai ser. Como isso chega por aí? Escolhi começar assim porque sei que vou terminar logo tudo que tenho para dizer. Sei que observar o outro é fator crucial para a experiência humana, não quero desencorajar isso. Viver em sociedade nada mais é do que tentar simultaneamente se encaixar e se destacar numa multidão de pessoas completamente diferentes. Mas como equilibrar o sentimento de competição com o outro enquanto tenta se orgulhar de si mesmo?
Valorizar o lugar onde estou e quem eu sou é muito mais produtivo que sofrer pelos espaços que não ocupo. Eu quero crescer e mudar enquanto estou bem, porque sei que mereço o melhor e não porque me odeio. Quero me cercar de quem admiro, de quem sabe mais que eu e está disposto a me mostrar caminhos que não sei trilhar. Quero estar perto de quem tá disposto a me ouvir, de quem quer aprender comigo também. Cada vez mais entendo que viver mergulhada no que falta em mim é desrespeitar não só meu processo, mas também o crescimento e o aprendizado do outro. E dessa forma, não sobra espaço para ninguém ficar satisfeito.
Um recado da Luíza Coach de ontem pra Luíza Foda-se de hoje
escrito por Luíza Vasconcelos
Nosso cérebro é como um super computador, vocês já devem ter ouvido falar isso em algum lugar, não é? Então nossa mente é uma máquina de fabricar associações a partir dos estímulos que nossos cinco sentidos captam. A partir daí a gente cria filtros e enxergamos a realidade a partir deles. Cada um de nós tem a nossa própria representação da realidade dentro da nossa cabeça e é através dela que vivenciamos o mundo. Essa representação, nosso mapa mental, é diferente para cada pessoa, pois cada um de nós o percebe a partir de nossa própria subjetividade. Então quando você se compara com alguém, você está comparando sua subjetividade, seu mapa mental, com o dela. Seu mapa nunca vai ser igual ao de ninguém, assim como o de ninguém vai ser igual ao seu! A forma como você percebe o mundo é única e exclusiva! Por isso que se comparar não faz sentido! Se você for se comparar com alguém, se compare com você mesma. Olha pra seu eu do passado e veja o que você hoje consegue fazer que não conseguia antes. Admire seu processo, seus aprendizados. Trabalhe na sua evolução. É a única da qual só você vai saber todos os detalhes. Esse é o processo de autoconhecimento e é um exercício diário!
Eu escrevi esse texto muito tempo atrás pra um projeto que acabou muito antes do que merecia. Era uma época em que eu tinha decidido usar a PNL literalmente todos os dias da minha vida pra entender alguns processos. Eu estava num questionamento constante sobre minha “falida” carreira de psicóloga organizacional e perdida entre comparações com ex-colegas de trabalho e com uma versão idealizada minha que fantasiei quando pensei na minha vida pós graduação.
Hoje, em outro momento de vida (de muito mais consciência e incertezas do que nessa época), agradeço demais por essa inspiração motivacional. Hoje eu jamais escreveria assim, tá coach demais pra mim e (por mais que eu tenha esses momentos) eles são bem menos animados 😅
Trocar com as pessoas e explicar teorias sempre me ajudaram a pensar melhor sobre minhas questões. E, na verdade, pensando assim a gente podia tá usando tão melhor esse recurso da comparação né? Por que assim, é impossível existir nessa sociedade sem se comparar. Então, já que vamos fazer, por que não fazer pro bem sabe?!! É fácil? Não. Eu faço? Não. Mas essa Luíza Coach tinha razão em uma coisa. Se comparar com outros seres humanos não faz o menor sentido. Afinal, só quem sabe dos meus corres sou eu, não você.
Ninguém vai sofrer sozinha!
escrito por Isabelle Rocha Sampaio
Escrevo esse texto de lugar nenhum.
Talvez seja justamente o lugar apropriado ao falar de comparação.
Mas, reflexões à parte, te escrevendo enquanto estou no meio da estrada, algum lugar entre Salvador e Ilhéus. E alguns podem pensar "ela está na melhor", afinal é minha segunda viagem nesse ano - e o ano começou comigo esperando ansiosa ver fogos em Sevilha.
Como em Sevilha, não tiveram fogos de artifício iluminando o céu. O ano novo chegou e passou, e eu só reparei porque estava a contar os segundos pelo meu celular. Olhei para um lado, para o outro, esperando. Nenhum champanhe estourou no ar, não tiveram gritos, abraços, músicas. Foi bem quieto. E eu, congelando, me virei pronta para voltar ao meu quarto de hotel - que era ainda mais frio que o lado de fora, acreditem vocês.
No meio do caminho, contudo, eu vivi uma das experiências mais especiais e difíceis de falar, porque a cidade tava toda calada, os prédios amarelados pelos fogos que explodiram pouco acima de nós, e as faíscas caíam como confetes.
No meio do caminho, tinham vários jovens estourando fogos de artifício usando garrafas de vinho*. Perigoso? Totalmente ilegal no Brasil, amém!* Mas, naquele momento, um oceano inteiro de distância, foi indescritível. E eu queria muito ter ficado mais, ter desenrolado um portunhol para pedir que eles me ensinassem como fazer essa presepada. Mas, bem, eu me disse muitas coisas sobre porque eu não podia, não agora. Fica pra depois.
E até aqui você deve estar se perguntando o que tudo isso tem a ver com comparação, mas é que eu escolhi sair do óbvio: quando falamos sobre comparação, a gente sempre fala sobre esse lugar cruel de falta em relação ao outro; mas eu quero falar sobre o outro lado da moeda, no lugar desse outro idealizado. Porque ninguém tá na melhor, e a comparação é uma via dupla de injustiça: ao idealizar o lugar que esse outro ocupa na minha fantasia, eu ignoro todo o resto de humanidade e complexidade que é a viver a vida.
E tem um pouco gentileza conosco em desbancar a imagem desse outro ideal que está plenamente feliz : na internet, a gente mostra a foto perfeitamente bagunçada, mas na vida real a gente tá lutando contra os nossos próprios demônios também.
Pra pensar menos (ou mais, dependendo da dica)
Dica da Ad
Vou indicar aqui a rainha das emoções, a maior autoridade na pesquisa sobre vergonha e vulnerabilidade: Brené Brown. Mas especificamente indico para vocês a série Atlas do Coração na HBO! Ao longo de cinco episódios ela nos leva numa jornada que explora as emoções e experiências que definem o que é ser humano. O episódio 3 é sobre tudo que surge junto com a comparação.
Dica da Isa
Queria escrever todo uma sessão do que não fazer em Salvador, um dia talvez eu tire o projeto de um blog de viagens do papel. Por hoje, queria recomendar: conheçam a Bahia, é um lugar absurdo de lindo; e se tiverem por Salvador, por favor, conheçam a Baía de Todos os Santos. Vai todo mundo te falar que é perigoso etc etc, mas é só ficar esperta como a gente fica andando ali pelo Centro da nossa cidade natal. De lá, você vai ter a vista mais bonita de Salvador. Meu celular, por melhor que seja a câmera, apenas não consegue capturar a beleza. E é uma região local, não dominada pelo turismo, então as pessoas vão estar vivendo como estão em todos os lugares, bebendo sua cerveja na praia, escutando samba bem alto, as crianças correndo no mar. Uma delícia! E você não vai ter que pagar uns 20 reais pra conseguir um canto pra sentar na beira da praia.
Dica da Lu
já que o tema é comparação, bora compartilhar comparações que fazem a gente pensar em coisas úteis. nesse canal tem uma playlist chamada middle ground, que em tradução livre seria meio do caminho. nesse vídeo aqui, idosos e crianças respondem as mesmas perguntas e conversam sobre seus pontos de vistas bem diferentes. dá uma boa perspectiva.
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